Pedimos escolas, eles nos deram a Copa
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Pedimos escolas, eles nos deram a Copa

Foi feito o impossível para que a bola pudesse rolar, mas por que não se vê o mesmo engajamento quando o assunto são nossos direitos? Não começamos na Copa nem terminaremos depois dela. Nossa luta continua! Por outro modelo de escola, por mais investimento em educação pública, por outro futuro para a juventude!

Breno Lobo e Fabiana Amorim 19 jun 2014, 22:54

Breno Lobo e Fabiana Amorim*

Sim, a Copa chegou. À base de remoções, desmandos da FIFA, forte repressão aos protestos e superfaturamentos de obras . E nós estudantes, que vivemos na pele o descaso com os serviços públicos, onde ficamos nessa história? O calendário letivo mudou, também na tentativa de nos deixar em casa. O governo dissemina o discurso do medo para nos afastar das ruas. O aparato repressor não só nos amedontra, como também a nossos pais. Grande parte dos jovens, principalmente os mais jovens, como nós, deixaram de ir às ruas, por causa das perseguições e repressão à ativistas. Nas cidades-sede da Copa, o modelo praticado é o da cidade militarizada, onde espaços públicos são ocupados por policiais para intimidar a juventude. Tudo isso se faz a partir da lógica de que segurança é igual a policiamento militarizado. E a única resposta a indignação dos que vão pra rua é a violência.

E a educação, como fica?

As escolas continuam precarizadas, faltam professores e infraestrutura básica. No dia 02 de junho, o Congresso Nacional aprovou o Plano Nacional da Educação (PNE). A votação foi marcada pela articulação de bancada fundamentalista para retirar do texto-base a parte que colocava a promoção da Igualdade de Gênero como uma das diretrizes do plano. Além de, infelizmente, os 10% do PIB aprovados não ser exclusivos à educação pública, e o prazo para alcançar a meta é de 10 anos. Se tem dinheiro pra estádio e obra que pouco nos serve, tem que ter para aplicar os 10% do PIB JÁ! na Educação Pública. Além disso, também EXIGIMOS O FIM das reformas do Ensino Médio em curso, como o Politécnico no Rio Grande do Sul e a escola de tempo integral em São Paulo, que de forma antidemocrática foram impostas com um único objetivo: alimentar a lógica da educação como mercadoria, e sucatear ainda mais o ensino público. Tudo isso, sob a tutela das entidades estudantis que não vão mais para as ruas, na contramão da luta de milhares de professores e estudantes.

Qual é a prioridade?

O comprometimento do governo com a FIFA, para garantir a Copa, nunca foi visto com pautas que consideramos mais urgentes. Se fez o impossível para que a bola possa rolar, mas por que não se vê o mesmo engajamento quando o assunto são nossos direitos? Por que o estádio é mais importante do que a sala de aula? Por que as obras de mobilidade estão no trajeto: Aeroporto – Estádio – Hotel e não na ligação de nossas casas com nossas escolas e com os espaços de lazer? Convivemos com um sistema de transporte degradante e o Passe Livre, que ajudaria todos os estudantes a terem acesso a escola, quando existe, é tão degradado quanto o nosso direito à cidade e à cultura.

Mas assim como milhares de trabalhadores têm feito no último período, nossa indignação e luta por direitos – dentro e fora da escola – cresce cada dia mais. Contra a repressão aos grêmios estudantis e aos movimentos sociais, de forma geral! Não começamos na Copa nem terminaremos depois dela. Nossa luta continua! Por outro modelo de escola, por mais investimento em educação pública, por outro futuro para a juventude!

*Breno e Fabiana são militantes do Juntos! Nas Escolas.


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