Greve dos caminhoneiros: mais sinais da instabilidade política brasileira
O exemplo dos trabalhadores da Volks, GM, dos professores do Paraná e agora dos caminhoneiros devem ser seguidos por todas as categorias para defender seus direitos.
Sara Azevedo
26 fev 2015, 20:39
Sara Azevedo
A inabilidade do novo mandato de Dilma e as medidas de ajustes econômicos atingiram outro setor de trabalhadores que estão mobilizados. Há uma semana, os caminhoneiros paralisaram as rodovias atingindo cerca de treze estados.
Os motivos da mobilização dos caminhoneiros são mais do que justos: alta do preço do diesel, redução do preço do frete e valor exorbitante dos pedágios. As medidas econômicas aumentaram em R$ 0,15 o litro do diesel, encarecendo as viagens. Além disso, os empresários do agronegócio ampliaram a produção e tiveram grandes lucros, mas não repassaram esse aumento aos trabalhadores do setor. Os caminhoneiros tiveram perdas no preço do frete que hoje é definido pelos empresários, que fazem cartelização.
Essa é mais uma demonstração da instabilidade política gerada pela crise econômica vivida hoje em nosso país. Aos trabalhadores, resta a saída da mobilização e dizer que não pagaremos pela crise.
Para piorar, o governo que deveria ouvir e atender as reivindicações dos trabalhadores faz coro com a grande mídia e criminaliza o movimento, aplicando duras retaliações, impondo multa de R$ 50 mil por hora para o sindicato e de R$ 5 mil ao caminhoneiro que continuar a fechar estrada.
Além disso, o protesto dos caminhoneiros em Xanxerê (Santa Catarina) foi fortemente reprimido pela tropa de choque da Polícia Rodoviária Federal, interrompendo com bombas de gás e de efeito moral uma manifestação pacífica de trabalhadores que só queriam se fazer ouvir pelas autoridades. Inclusive, o advogado dos manifestantes acabou por ser preso ao tentar negociar com os agentes federais.
O exemplo dos trabalhadores da Volks, GM, dos professores do Paraná e agora dos caminhoneiros devem ser seguidos por todas as categorias para defender seus direitos.
Lutar não é crime! Nenhum direito a menos!
Sara Azevedo, professora da rede pública de Minas Gerais, GTN Juntos