Projeto da reitoria da USP de ensino híbrido acende alerta para as universidades públicas
Projeto da reitoria da USP avança para a consolidação do ensino remoto fora de situações emergenciais
Hoje tivemos acesso a um edital publicado pela Pró-Reitoria de Graduação da USP que aponta para a incorporação permanente do ensino híbrido na universidade. Ou seja, os cursos passariam a ter EAD (Ensino à Distância) junto ao ensino presencial de forma permanente, e somado a isso há também uma proposta de reformulação, parcial ou completa, das grades curriculares de alguns cursos para atender a esse tipo de ensino. Esse é um grave ataque ao ensino de qualidade na USP.
A reitoria, sob a premissa de que é necessário “modernizar” a universidade, justificou a adoção do ensino híbrido diante de um balanço mentiroso do que foi a experiência com o EAD durante esses meses de isolamento. Diferente do que afirma a reitoria, foram muitas as dificuldades enfrentadas por estudantes, professores e funcionários com o ensino remoto precário, que ainda deve perdurar pelo menos até o próximo semestre. Não havia um plano pedagógico, funcionários e professores não tinham preparo para lidar com essa forma improvisada de ensino e muitos alunos se encontravam excluídos do EAD devido a desigualdade no acesso a equipamentos e à internet.
O projeto de precarização da universidade do reitor da USP, Vahan Agopyan, em seu último ano de mandato, e do governo de João Doria se reflete nessa proposta de ensino híbrido, que quer, a partir da situação inédita da pandemia, impor um tipo de ensino excludente e que ameaça o tripé ensino, pesquisa e extensão da universidade pública. Infelizmente, essa situação que atravessa a USP pode chegar em outras universidades estaduais e federais do estado de São Paulo e também do país, como parte de uma disputa que as reitorias e governos também estão fazendo sobre qual deve ser o papel da universidade no próximo período, que para eles é mais precarizada e excludente.
O movimento estudantil, portanto, deve estar atento e denunciar imediatamente qualquer tentativa de implementação de ensinos híbridos ou EADs em nossas universidades após o fim do isolamento. A nossa disputa pelo papel da universidade pública no próximo período deve ser a luta por uma universidade gratuita, de qualidade, que atenda as demandas de permanência estudantil de seus alunos e que seja parte da superação da pandemia no nosso país. No Seminário Nacional de Movimento Estudantil que acontece nesta sexta e sábado (19 e 20 de fevereiro), iremos debater esse e outros desafios que o movimento estudantil terá para enfrentar os ataques e os cortes nas universidades públicas e escolas.
Ensino híbrido não! Queremos uma universidade de qualidade e para todos!
Inscreva-se para o Seminário clicando aqui