Nota Sobre a Autonomia da UFRRJ
Rural

Nota Sobre a Autonomia da UFRRJ

Mais uma intervenção de Bolsonaro nas federais, dessa vez foi na Rural do Rio de Janeiro

Matheus Morais 3 abr 2021, 20:56

A cruzada do governo Bolsonaro contra a democracia e a autonomia universitária não tem visto cessar desde o começo de sua campanha eleitoral, e tal conduta vinda de cada esfera obscurantista tem demonstrado cada vez mais um perigo para o livre pensar e criticar contra suas bases ideológicas.

Na UFRRJ, foram sentidos os sintomas de mais um avanço dos ataques por parte do governo Bolsonaro contra a autonomia universitária. Tal qual em diversas universidades, a eleição para o cargo da reitoria esbarrou em intervenção, desta vez passando por cima do primeiro nome eleito da lista tríplice, o professor Ricardo Luiz Louro Berbara, para selecionar o terceiro colocado.

Esse passo contra a escolha democrática da comunidade ruralina despertou a indignação e a vontade de mobilização tanto por parte de docentes, quanto discentes, visto que a mesma veio acompanhada de grandes alterações em 6 ministérios (Relações Exteriores, Defesa, Casa Civil, Advocacia Geral da União, Justiça e Secretaria do Governo), somada à demissão conjunta dos 3 chefes das forças armadas, que entra como marco na história do Brasil.

A crise da reitoria e a união da UFRRJ

Um ataque à instituição já era esperado, devido ao fato de o primeiro nome da lista (Professor Ricardo Berbara) já ter se envolvido diversas vezes com a militância. Assim, as preparações para uma crise já haviam sido feitas com a decisão de tornar semelhantes os projetos de cada chapa, incluindo a do nome selecionado.

Mas apesar de efetivamente a comunidade ter demonstrado união independente de nomes, isso não exclui o fato de que a UFRRJ entrou para a lista das universidades que sofreram alterações suspeitas em suas estruturas por forças externas.

Agora, após plenárias emergenciais contando com a atuação de docentes, discentes e outras esferas de militância democrática, a comunidade ruralina defende a participação de sua escolha para reitor na administração desse novo mandato, e simultaneamente funda a campanha #ReitorEleitoeReitorEmpossado.

Democracia universitária

Desde os cortes na educação que ocorreram logo no começo do mandato de Jair Bolsonaro, por parte do ex-ministro Abraham Weintraub, as comunidades de diversas universidades estiveram presentes nas manifestações pela educação (15/05, 30/05 e 13/08 de 2019), e a UFRRJ não foi diferente, ao se posicionar contra o obscurantismo e em defesa da democracia com presença nesses dias.

As bases já foram atacadas e, desde o primeiro dia, a luta acadêmica é também a luta antifascista, visto que a burocracia é a forma mais eficiente de forçar um alinhamento com o governo e remover autonomia das instituições sem precisar buscar diálogo algum com quem mais sofre com essas decisões.

A UFRRJ possui grande valor democrático devido às suas filiais presentes na baixada fluminense, local esquecido muitas vezes pelo estado. Isso a coloca como agente essencial para o desenvolvimento conjunto de toda uma região negligenciada, e o risco de aparelhamento possui não só um valor simbólico, como concreto, com consequências sérias para a integração acadêmica de toda uma população.

O caráter burocrático das intervenções

As escolhas da presidência têm seguido padrão: Quando não são nomes das listas tríplices, ignoram o primeiro lugar, o mais votado. Essa atitude de abusar do poder em suas mãos para passar por cima das eleições, demonstram a intenção de aparelhamento dos locais de maior resistência anti-bolsonarista através do aparato burocrático com uma canetada.

A parte mais essencial de se ressaltar em relação à essa postura é o fato de que com tal, a institucionalidade está sendo quebrada com um grande tom de informalidade, o que contribui para a narrativa da extrema direita de manter a ambiguidade sobre suas intenções políticas em teoria, e os dá segurança para agir de forma suja na prática.

Com a impopularidade de Bolsonaro crescendo durante o andar de um genocídio sistemático ante a pandemia, a organização de uma ofensiva autoritária “ares de legalidade”, o fazendo caçar alianças com o centrão e usar dos meios citados para validar em papel suas escolhas autoritárias de aparelhamento.


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