O que esperar da educação em 2021?
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O que esperar da educação em 2021?

Com os cortes no orçamento da educação, o perigo do fechamento das universidades e até mesmo a impossibilidade da realização do Enem se levantam no horizonte. O movimento estudantil precisa resistir e impedir essa catástrofe

Diogo Albuquerque Alves 17 maio 2021, 20:26

No último ano, frente a um momento atípico e sem precedentes que foi e continua sendo a pandemia do coronavírus, os estudantes da escola pública se viram obrigados a se preparar de uma maneira completamente injusta, onde tiveram que prestar o Enem, a principal porta de entrada no ensino superior do Brasil, mais desigual da história.

Com a resistência do governo em adiar o exame, tivemos de nos mobilizar e mesmo quando escolhemos um mês para a aplicação, fomos ignorados. Assim, o Juntos!, seja por meio das redes sociais, de plenárias e presencialmente colhendo assinaturas, pressionou para que o adiamento fosse possível.

Mesmo após o adiamento, muitos estudantes foram impedidos de fazerem as provas nos dias pretendidos devido à incompetência do MEC e INEP, que contrataram salas insuficientes para todos os estudantes. Ainda assim, o ministro da educação comemorou o ato, alegando ter “poupado” dinheiro público.

Aqueles que foram prejudicados tiveram uma segunda chance para fazer a prova, no entanto novamente a incompetência do Ministério e Instituto afetaram os alunos. Uma semana antes da prova, muitos dos participantes tiveram em seu site a sinalização dos seus recursos negados. Mas, na realidade, haviam sido aceitos, e, não tendo pronunciamento do INEP sobre o erro, muitos dos participantes desistiram de realizar as provas.

Entretanto, assim como em 2020, ainda com o governo genocida e retrocedente de Bolsonaro, nossa luta continua com os estudantes. Em meio a cortes alarmantes no orçamento de 2021, a educação, que deveria ser uma das prioridades em meio a pandemia, foi no entanto a área mais afetada, com cerca de 2,7 bilhões em despesas bloqueadas pela lei orçamentária de 2021, sendo um das pastas com maiores cortes.

Com isso, a educação em 2021 segue na penúria. Tais cortes afetam diretamente as universidades federais, que não possuem verba para arcar com as despesas mais básicas, como água e energia, e são obrigadas a fechar. O impacto é estrondoso: afeta não só os alunos mais carentes que dependem dos programas de assistência estudantil para permanecerem estudando e aqueles que tanto lutaram para conseguir uma vaga, mas também toda a sociedade. Fechar uma universidade federal, como por exemplo a UFRJ, significa fechar hospitais, laboratórios, bibliotecas e paralisar pesquisas importantes de vacinas e prestação de serviços essenciais para o momento que estamos vivendo.

Não bastasse isso, o congelamento da verba coloca em risco, também, a realização do Enem 2021, que agora só poderá ser aplicado em 2022. Além disso, os estudantes de baixa renda podem não conseguir o direito a isenção devido a baixas e até mesmo com o alerta de suspensão das isenções, segundo comunicou o Ministério da Educação em ofício no ano passado, caso a pasta tivesse falta de recursos.

Sabemos que os cortes não foram por um acaso. Bolsonaro está colocando seu projeto de desmonte à educação pública, privando estudantes de terem acesso às universidades. Enquanto “falta” dinheiro para a educação e para a ciência, sobra para comprar o Congresso.

Dessa maneira, como coletivo, teremos novamente a responsabilidade de lutar e defender o Enem, para que os estudantes tenham direito ao ensino superior no Brasil. Enquanto a educação não for priorizada, não descansaremos!


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