Carta do Juntos! ao reitor da USP: retorno só com segurança e diálogo
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Carta do Juntos! ao reitor da USP: retorno só com segurança e diálogo

Em Circular do Reitor Vahan Agopyan enviada aos estudantes no último dia 04, o reitor ignora que a pandemia ainda não está controlada e tenta a todo custo convencer os estudantes a retornar, mesmo sem condições de segurança. Veja a resposta do Juntos! USP.

Felipe Scalise 5 out 2021, 19:34

Ontem, dia 4 de outubro de 2021, o reitor Vahan Agopyan enviou aos membros da USP um comunicado sobre a volta às aulas presenciais. Essa circular, além de demonstrar uma certa surdez às demandas e questionamentos de estudantes, docentes e trabalhadores, é contrastante com o silêncio dele em meio às decisões políticas do governador de São Paulo e do presidente da República.

Durante a pandemia, houve diversos momentos em que priorizou-se as vontades de poucos sobre a saúde de todos, como a recusa a fazer um lockdown, o apoio a tratamentos ineficazes, ou a abertura precoce de comércio que inflou os casos e mortes de COVID. A USP, uma instituição de pesquisa, líder na américa latina, não se manifestou defendendo a opinião de quem mais importava naqueles momentos: os profissionais e pesquisadores da saúde.

Ademais, houve diversos casos nos quais a USP se demonstrou apática a seus estudantes, visto pelo descuido do CRUSP e pela falta de suporte com aqueles que não tinham acesso fácil às aulas à distância.

Com cada vez ficando mais nítido para o conjunto da universidade que Vahan à frente da USP não faz nada além do que ele mesmo quer, é contraditório que venha a público dizer que os estudantes precisam entender o que ele está fazendo. Nós, estudantes, docentes e trabalhadores da USP entendemos bem o que faz ela a melhor universidade na América Latina. Em meio a cortes de bolsas e uma queda imensa no rendimento dos alunos, devido a uma pandemia global, é incrível que ele nos ofereça sua “cloroquina”: a volta às aulas presenciais.

Todes nós queremos e ansiamos a volta às aulas. Estudantes, trabalhadores e docentes são os que mais desejam a volta da normalidade, do cotidiano acadêmico e da socialização presencial. Mas isso deve ser feito de maneira segura, com medidas de proteção sanitárias eficazes e com diálogo permanente com a comunidade universitária. E não é isso que vem acontecendo. Além disso, é o reitor que deve compreender que alguns estudantes não têm como deslocarem suas vidas para São Paulo e as cidades dos campis do interior do estado tão repentinamente, principalmente de forma segura. Que alguns estudantes não se recuperaram da corrosão psicológica resultante da tragédia que foi o Brasil no último ano e meio. Que alguns estudantes são ou vivem com pessoas que ainda são grupos de risco, e cuja infecção pode significar a morte.

O reitor que deve compreender que a decisão de retornar às aulas deve ser no mínimo democrática e sobretudo baseada nas opiniões de quem sabe melhor, profissionais da saúde, e não em vontades e achismos de um reitor que em seus 4 anos à frente da Universidade aplicou um projeto de desmonte, de falta de diálogo, de repressão a estudantes pobres e negros e de negação a demandas latentes, ao mesmo tempo em que incentivou a abertura da universidade a iniciativa privada e a sua precarização.

Seguimos na luta por um retorno presencial seguro, que não nos coloque em risco e que ao retornar, possamos encontrar uma universidade de qualidade e que garanta permanência estudantil e ensino para todes. Vahan não pode nos usar de cobaia!


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