Manifesto da Juventude Antifascista e Anticapitalista
Seminário Nacional do Juntos

Manifesto da Juventude Antifascista e Anticapitalista

Depois da tempestade, lutar pela nossa definitiva liberdade | Manifesto do Seminário Nacional do Juntos!

Do dia 12 a 14 de dezembro, o Juntos realizou na cidade de Guarulhos/SP o seu Seminário Nacional, contando com a presença de quase uma centena de lideranças de 13 estados do Brasil. Esse encontro foi atravessado pelo marco da vitória democrática mais importante desde o fim da ditadura militar, num cenário em que mesmo diante de uma eleição tão difícil e com o aparelho do Estado atuando para beneficiar um lado, consolidamos a derrota de Bolsonaro nas urnas. Essa foi a principal batalha enfrentada pela nossa geração. E nós vencemos. Ressaltamos a importância que o movimento estudantil possuiu para esse feito, sendo linha de frente para barrar a sanha autoritária de uma extrema-direita que nunca escondeu seu projeto de fechamento de regime. Colocamos nesses últimos anos, todo nosso empenho para construir lutas de maioria social, que buscassem isolar o bolsonarismo na sociedade, e o Tsunami da Educação em 2019 na qual fomos entusiastas de primeira hora, foi um freio necessário a Bolsonaro e seu projeto de destruição logo no início do governo.

Apesar da vitória eleitoral de Lula, que nos permite vislumbrar um cenário distinto no país, com melhores condições de luta do que nos últimos 4 anos, sabemos que a situação em que vivemos ainda seguirá exigindo luta e mobilização permanente. As ações golpistas que o bolsonarismo segue inflando desde o fim do resultado eleitoral, nos coloca a necessidade de seguir combatendo a extrema-direita, exigindo principalmente a prisão e punição de Bolsonaro e seus cúmplices, pelos inúmeros crimes cometidos durante esses 4 anos para que nunca mais se repitam. Mesmo que Bolsonaro não seja mais presidente, o Antifascismo seguirá sendo uma bandeira necessária para levarmos adiante no próximo período.

Graças também ao negacionismo de Bolsonaro, nossa geração passou por uma terrível pandemia de forma muito mais traumática, que nos deixou inúmeras perdas e nos fez mais individualistas e dispersos. Somos a geração que enfrenta a maior desigualdade planetária de todos os tempos, na qual um bilionário surge a cada 26 horas e que 40% da riqueza mundial está concentrada nas mãos de 1% da população, enquanto os 50% mais pobres dividem apenas 2% da riqueza mundial. Portanto a luta internacional segue sendo central e necessária para fazer avançar a luta da juventude, com rebeliões em curso como a luta das mulheres por liberdade no Irã.

Diante da crise econômica que se arrasta desde 2008 ainda sem perspectiva de solução, a burguesia se unifica num projeto de contra-revolução econômica, que retirou direitos da classe trabalhadora e que busca super-explorar a juventude, especialmente a juventude negra que sofre também com a violência do Estado. A ausência cada vez maior de postos de trabalho com direitos, tem colocado para nós a uberização do trabalho como única saída para sobrevivência. Esse projeto tem se expressado também na educação, que por um lado busca expulsar os estudantes pobres das universidades, e por outro precariza a educação básica com a reforma do ensino médio para formar mão de obra barata às necessidades do sistema capitalista. Os interesses perversos desse sistema também tem ampliado ainda mais o projeto de destruição do meio ambiente, que se materializa no Brasil com o avanço por exemplo do garimpo e da mineração na Amazônia e no cerrado e nos crimes cometidos contra os povos indígenas, quilombolas e lideranças de trabalhadores rurais nos interiores do país. Reafirmamos a necessidade da juventude apontar uma saída anticapitalista e ecossocialista para essa crise, para salvar nossos recursos naturais e a humanidade, pois o sistema capitalista é incompatível com os interesses de sobrevivência e vida plena da maioria da população.

Por isso, não há perspectiva para nós de aceitar as coisas como estão. A estratégia da conciliação de classes e a aposta em resolver nossos problemas por dentro desse sistema fracassou. E para levar adiante a necessidade de um novo projeto que não repita os erros do passado, seja de conciliação com um regime apodrecido, seja de um socialismo autoritário e burocrático, apostamos no PSOL e na IV internacional como ferramentas que busquem a aglutinação dos lutadores anticapitalistas. Acreditamos que a juventude deve dar um passo adiante e disputar projetos estratégicos, disputando o PSOL, um partido em construção, que se afirma hoje como o partido que tem as maiores condições de renovação da esquerda no Brasil, conectado com as lutas das mulheres, da negritude e LGBTs, e que se fortalece ao tomar a correta decisão de não ocupar cargos no governo Lula.

Por fim, apresentamos aqui alguns eixos programáticos e principais lutas que buscaremos construir no ano de 2023, apontando a necessidade de que esse programa seja construído em movimento e nas mobilizações. Buscando disputar de forma concreta e dar respostas aos principais problemas hoje pela juventude, para avançarmos rumo a uma luta política que supere de uma vez por todas o capitalismo

  • Anistia NÃO! Julgar a punir os fascistas para nunca mais acontecer
    Pela prisão de Bolsonaro e seus crimes por seus crimes. Não esqueceremos as mortes pela COVID! Investigação e punição aos financiadores dos atos golpistas.
  • A fome e os bilionários não deveriam existir!
    Pela taxação das grandes fortunas e renda básica para os trabalhadores.
  • Permanência para estudar, direitos para trabalhar!
    Pela ampliação das políticas de permanência estudantil, como bolsas e bandejões. Pelo fim da reforma trabalhista e da previdência. Nenhum trabalho sem direitos!
  • Pelo fim da reforma do ensino médio e o fim do teto de gastos!
    Por um novo projeto de educação popular e libertadora e com investimento público. Movimento estudantil independente para mobilizar e conquistar.
  • Chega de racismo!
    Cota não é esmola e ser periférico não é crime. Pela liberdade religiosa e em defesa das vidas indígenas.
  • Em defesa do meio ambiente e seus povos: vamos amazonizar o mundo!
    Pela demarcação dos territórios indígenas, pelo fim do garimpo ilegal e da grilagem de terras.
  • LGBTQIA+ vivas para lutar! Contra a violência LGBTfóbica, pelo direito de ser, amar e viver.

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