Uma avaliação da luta estudantil no IFCS/IH
IFCS/IH UFRJ

Uma avaliação da luta estudantil no IFCS/IH

Precisamos de uma luta unitária na UFRJ em defesa da recomposição orçamentária, com a retomada de um calendário geral do movimento estudantil

Quem estuda ou mesmo passa pelo prédio do IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais), que também abriga o Instituto de História (IH), tem conhecimento da situação precária do prédio. Essa realidade não é particular, é vivida em quase toda a UFRJ, mas de formas diferentes. Na EEFD, o teto cai. No CT, incêndios acontecem. Na PV, o aulário fica sem bebedouros. No CCS, tem de tudo. Enfim, exemplos não nos faltam.

Mas parte dos estudantes do IFCS vem se mobilizando de forma constante desde outubro. Com a realização de diversas assembleias, estudantis e comunitárias, passagens em sala, mesas de debate, atos no Conselho Universitário, uma paralisação que ocorreu no último dia 8 e agora a ocupação da sala da Direção do IFCS. 

As mobilizações têm duas principais pautas, a reforma estrutural do prédio, que engloba seu físico e o elétrico, e os trabalhadores terceirizados. O prédio tem passado por questões seríssimas de estrutura, onde recentemente um ventilador de teto de uma sala de aula caiu, correndo o risco de acertar um estudante. Além de exemplos elétricos também, com a impossibilidade de ligar os ar condicionados por risco de incêndio, por conta de uma fiação elétrica que não é revista há anos. Salas de aulas que não tem o mínimo de ventilação e nem é possível ligar um ventilador. Outra questão é o pagamento dos trabalhadores terceirizados, que desde o ano passado vem sendo pago com inúmeros atrasos. A empresa Construir, responsável pelos terceirizados, precisa ser responsabilizada e por isso os estudantes pedem o rompimento da UFRJ com esta empresa.  

As mobilizações pelo prédio fez com que a luta ganhasse uma visibilidade na mídia, seja em jornais impressos e na TV. Esta visibilidade levou com que a Reitoria visitasse o IFCS, mas uma visita que apenas se limitou em uma caminhada depois de uma longa conversa com a direção dos dois institutos (IFCS e IH). A forma que a Reitoria conduziu a vistoria não tinha o interesse em escutar os próprios estudantes, que estão diariamente no espaço e sabem da realidade do lugar em que estudam. Por fim, a ocupação já passa de uma semana e conseguiu atrair apoio de alguns alunos e outros setores da Universidade. Mas e agora, como avançar?

O movimento estudantil tem cometido dois erros em geral. Desde a eleição do Lula, temos um setor do movimento que não aposta na construção da mobilização como método para termos conquistas. São aqueles que vimos por exemplo defendendo a reforma do Ensino Médio e o arcabouço fiscal, que é o substituto do teto de gastos de Temer e segue cumprindo uma política de redução dos gastos públicos. Ou seja, buscam um suposto caminho de diálogo com a institucionalidade para trazer conquistas.

Por outro lado, há aqueles que tanto incomodados com momentos sem grande lutas, o que até é correto, buscam apelar para métodos “mais radicais” (ao menos na aparência), numa expectativa de que a luta possa avançar assim. Ou seja, de que o movimento seja fortalecido apenas por um exemplo “combativo de luta”, feito por poucas pessoas, que não necessariamente estão conectadas com a compreensão e nível de organização do local.

Parte do que refletimos para o movimento está no que pautamos na construção na Chapa 4 nas eleições para o DCE UFRJ. Uma necessidade de retomarmos a luta social na universidade, de forma coletiva. Onde existam espaços para que os estudantes consigam debater e refletir por onde avançar. O IFCS tem sido um exemplo nesse sentido, mas pode ir além.

Os problemas que vivemos no prédio não são únicos. Dizem muito a respeito de uma situação geral de precarização da universidade pública. Onde muitas vezes o dinheiro privado é apontado como solução, como vimos na privatização do campinho da Praia Vermelha por parte da nossa ex-Reitora e atual Secretária de Ensino Superior do MEC.

Então, refletir como fazer essa luta ser unitária na UFRJ é um dos nossos desafios. Os problemas para resolver a situação do IFCS não se encontram só na direção do Instituto. Alguns podem até ser sanados, mas o que é mais importante e estrutural diz respeito à própria Reitoria da UFRJ, especialmente quanto aos terceirizados, mas também ao governo federal e ao Congresso, responsáveis pela definição do orçamento.

A falta de verba na universidade é uma das causas de diversos problemas que acometem a nossa vida enquanto estudantes e está diretamente conectada ao que é o arcabouço fiscal, instrumento utilizado para cortar gastos com políticas sociais enquanto garante 50% do orçamento como pagamento da dívida pública para bilionários.

Precisamos de uma luta unitária na UFRJ em defesa da recomposição orçamentária, com a retomada de um calendário geral do movimento estudantil, envolvendo atos de rua. É assim que poderemos não só resolver desafios que parecem ser locais ou individuais, mas também avançar para uma UFRJ que cada vez mais consiga que seus estudantes permaneçam e se formem com qualidade.


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