Nasce o menino Jesus, morrem 8 mil crianças
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Nasce o menino Jesus, morrem 8 mil crianças

A Terra Santa, onde Jesus Cristo supostamente nasceu, padece ao ver Gaza desmoronando sobre os escombros

Yadriel Rosado 8 jan 2024, 15:10

Texto escrito em 25/12/2023

Enquanto a mídia preocupa-se em divulgar majoritariamente informações como o lamento de Netanyahu com os 156 soldados israelenses mortos, tão assassinos quanto os soldados nazistas de Hitler, ou a preocupação com o custo aos cofres públicos israelenses que essa carnificina gera, milhares de palestinos sucumbem à fome, chorando de dor nos hospitais. São mais de 25 mil crianças que nunca mais verão ao menos um de seus pais, que sofrem com o terror de um massacre sem sua família e sua casa para confortar-lhes, amedrontadas pelo som dos mísseis, pela destruição visível e pela fome e sede que assola todos os cidadãos de Gaza.

Não há o que comemorar: a Terra Santa, onde Jesus Cristo supostamente nasceu, em Belém – parte da Cisjordânia ocupada (território Palestino) – padece ao ver Gaza desmoronando sob os escombros, onde mais de 20 mil pessoas foram martirizadas, 1% dos habitantes, sendo ao menos 8 mil crianças, de acordo com o Ministério da Saúde Palestino. O próprio território de Gaza foi alvo de uma ofensiva de ataques entre os dias 24 e 25 de dezembro, deixando mais de 120 mortes em menos de 24 horas, em um momento sagrado para todos os cristãos, segundo maior grupo religioso da Palestina. O Natal promete trazer esperança mesmo nos momentos mais difíceis, mas não é possível ficar parado enquanto mais de 90% da população de Gaza foi obrigada a deixar suas casas, para as quais boa parte não retornará, sendo massacrada a céu aberto de maneira televisionada, sem ação mundial efetiva.

A fartura das ceias foi substituída pela escassez de alimentos, a qual pode levar metade da população de Gaza à morte, de acordo com levantamento da ONU. Precisamos culpar e responsabilizar os assassinos, precisamos reconhecer que Israel, ao lado de seu aliado, os Estados Unidos, é protagonista de uma ação sionista e de um genocídio em curso há 75 anos, mas que se intensificou desde o dia 7 de outubro. Não cairemos mais na falácia de libertar os palestinos do Hamas, afinal, se esse era o objetivo, o que explica o não desmantelamento desse grupo? Se o objetivo era combater o terrorismo, cerca de metade dos alvos eram aleatórios? Ou então, o que explica o aumento aos ataques à Cisjordânia- outra portção da Palestina – que já deixaram mais de 300 mortos, se ela sequer é controlada pelo Hamas? Claramente o alvo não é o Hamas, e sim civis palestinos inocentes.

Responsabilizar Israel não é ser antissemita: o discurso não é contra a população judaica, que em nada tem a ver com esse suposto Estado que se esconde atrás de pautas importantes, praticando greenwashing e pinkwashing, além de se valer de sua predominante judaica para justificar seus crimes de guerra. Na verdade, esse próprio “Estado” pratica muitas atrocidades que foram praticadas contra a população judaica e outros grupos durante o Holocausto. Não atoa um campo de futebol na faixa de Gaza foi transformado em um campo de detenção em massa de civis e de extermínio, incluindo crianças, bebês, idosos e mulheres, como comprovado pela Euro-Med Monitor e por um fotojornalista israelense que estava no local e conseguiu produzir algumas imagens. Se antes duvidavam de que Gaza era o maior campo de concentração a céu aberto, sem liberdade de locomoção, com controle de energia elétrica e de água, hoje não há mais dúvida. Se antes diziam que genocídio era uma palavra forte para descrever o massacre que o exército israelense vem praticando, hoje parece pouco para descrever o início de um novo Holocausto em curso.

A solução final parece trivial aos olhos daqueles que matam sem remorso, enquanto os ditos civilizados do Norte Global, que têm poder, influência e dinheiro, ignoram, enquanto a tal maior democracia do mundo financia tal genocídio, repelindo qualquer um que manifeste-se contra, inclusive a grande organização judaica Jewish Voice for Peace. Rasgaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos e fizeram-na de mortalha para os mártires, provando que para eles, apenas vidas brancas e etnicamente aceitáveis importam. Mas se engana quem pensa que o povo Palestino não irá resistir. Como dizia Che Guevara, podem matar uma, duas rosas, mas não a primavera inteira e, até o último palestino, até a última criança, a Palestina será linda e livre. Jamais apagarão um povo, não importa o quanto tentem. A Palestina sempre se ergue, por mais difícil que seja. E nós, do coletivo Juntos, da esquerda radical, trabalhadores, estudantes, proletários unidos do mundo, sempre apoiaremos a resistência do povo palestino. A Palestina vive e resiste, provando que é mais forte que qualquer veneno de seus inimigos.

Fontes:
Ministério da Saúde Palestino
Euro-Med Monitor
Palestine Red Crescent Society
ONU
Inteligência Nacional dos EUA


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