TODOS OS OLHOS NA CAXEMIRA
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TODOS OS OLHOS NA CAXEMIRA

O recente aumento das tensões e o potencial de uma guerra entre Índia e Paquistão nos deixou com mais do que algumas lições. A mais importante delas é: enquanto a antiga questão da Caxemira não for resolvida, isso está destinado a acontecer novamente.

KYF e YDSA 26 maio 2025, 17:22

O recente aumento das tensões e o potencial de uma guerra entre Índia e Paquistão nos deixou com mais do que algumas lições. A mais importante delas é: enquanto a antiga questão da Caxemira não for resolvida, isso está destinado a acontecer novamente.

O presidente Trump recentemente descreveu Caxemira como um “problema de mil anos”. Embora claramente uma hipérbole, o peso da história, da perda e do abandono que os caxemires sofreram pode certamente fazer com que pareça assim.

O conflito pela Caxemira entre Índia e Paquistão começou com a partilha colonial em 1947. Quando os britânicos deixaram às pressas o subcontinente, deixaram o destino de muitos “estados principescos” como Jammu e Caxemira indefinido. Isso resultou imediatamente na eclosão da primeira guerra entre Paquistão e Índia em 1947.

Novamente em 1965 e 1999, as guerras entre Índia e Paquistão foram travadas principalmente por causa da Caxemira. Desde então, inúmeros confrontos, repressões e crises políticas se seguiram. Como resultado, a história da região tem sido marcada por repressão, desaparecimentos, vigilância e militarização.

Ambos os estados, em momentos diferentes, trataram a Caxemira como território a ser possuído — não como um povo com voz.

Mas a verdadeira pergunta, raramente feita, permanece: O que o povo da Caxemira quer?

Desde o fim do domínio colonial britânico, o movimento de libertação da Caxemira tem sido uma das lutas mais persistentes e baseadas em princípios da região. Caxemires de ambos os lados da Linha de Controle há muito rejeitam ser peças em jogos geopolíticos.

Eles pedem o direito básico à autodeterminação, um direito consagrado no direito internacional, mas repetidamente negado a eles.

A crença de que a Caxemira foi historicamente uma entidade política governada de forma independente reflete uma identidade cultural, política e histórica distinta que foi sistematicamente erodida por décadas de ocupação militar.

Desde a ascensão do primeiro-ministro Modi ao poder, a política da Índia em relação à Caxemira tornou-se cada vez mais fascista. Sob a ideologia Hindutva – que pretende refazer a Índia como um estado supremacista Hindu – a Caxemira foi reduzida a uma colônia.

Em 2019, o governo fascista indiano revogou o Artigo 370 de sua constituição, retirando de Jammu e Caxemira sua autonomia nominal. Esse ato foi realizado sem o consentimento do povo caxemir e foi acompanhado por um apagão total das comunicações, um bloqueio militar e detenções em massa que transformaram a região em uma colônia militarizada. (Leia: AFSPA 1990.) A indignação global foi rápida e generalizada. Pessoas e organizações de todo o mundo condenaram a medida como colonialismo de povoamento: “um esforço expansionista para suprimir a identidade, a cultura e as demandas de liberdade do povo caxemir.” Desde então, a Índia intensificou sua campanha de mudança demográfica, repressão à dissidência e criminalização da sociedade civil caxemir. O regime cada vez mais fascista de Modi insiste que Caxemira é uma “questão interna.” Mas ocupação nunca é algo interno. Quando um povo é privado de seus direitos básicos, tem suas terras confiscadas, suas casas invadidas e suas vozes silenciadas — isso não é uma política doméstica. É uma injustiça internacional.

Rejeitamos a narrativa que apaga o povo caxemir da discussão. Não pode haver paz duradoura no Sul da Ásia sem justiça na Caxemira. Essa justiça deve começar com o reconhecimento do direito do povo caxemir de decidir seu próprio futuro — de forma livre, justa e sem coerção. Qualquer resolução que ignore esse princípio perpetua o ciclo de negação e violência.

A Frente de Juventude Khalq (KYF) sempre esteve firmemente ao lado do povo caxemir em sua luta por autodeterminação e liberdade. Não vemos Caxemira como uma moeda de troca entre Estados. Enxergamos como uma nação sob ocupação. Um povo cujas aspirações foram silenciadas à força bruta, mas cuja resistência jamais vacilou, mesmo diante de enorme violência.

A KYF e a YDSA estão em solidariedade inabalável com o povo caxemir e convocam a juventude de todo o Sul da Ásia e do mundo a amplificar as vozes caxemires. Isso se tornou mais urgente do que nunca, já que um vizinho expansionista e ávido por poder está tentando tomar o controle da região. É, portanto, nosso dever defender a causa por uma Caxemira Independente em todos os fóruns e plataformas, e estar ao lado do povo que tem mais a perder nesta guerra entre dois Estados com armas nucleares. A líder dos Direitos Civis Fannie Lou Hamer disse certa vez: “Ninguém é livre até que todos sejam livres.” Pela nossa liberdade coletiva, devemos continuar lutando pela causa caxemir.

Traduzido por: Bruno Zaidan, psicólogo e da coordenação nacional do Juntos


Imagem O Futuro se Conquista

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