“Justiçamento” contra o MTST: a decadência de Emir Sader
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“Justiçamento” contra o MTST: a decadência de Emir Sader

De apoiador das lutas e crítico do neoliberalismo, Sader converteu-se num bufão, que abandonou a crítica e o debate teórico e político para converter-se em mais um dos possessos desqualificados que habitam a internet.

Thiago Aguiar 18 maio 2014, 00:41

Thiago Aguiar *

Há anos, quem acompanha as declarações de Emir Sader atesta a vergonhosa decadência de um sociólogo outrora relacionado à esquerda e aos movimentos sociais. De apoiador das lutas e crítico do neoliberalismo, Sader converteu-se num bufão, que abandonou a crítica e o debate teórico e político para converter-se em mais um dos possessos desqualificados que habitam a internet. Trata-se de um tipo conhecido em tempos de massificação das redes sociais: aquele que passa dia e noite a espalhar despolitização, preconceitos e a desqualificação do debate, a serviço de causas no mais das vezes inconfessáveis. Sader, no afã de defender os governos do PT, tornou-se um desvairado defensor da ordem estabelecida, subserviente aos interesses econômicos que comandam o país e agressor contumaz de qualquer movimento, personalidade ou organização política contestatória aos governos petistas.

Desde junho, milhões de pessoas, jovens e trabalhadores, têm refletido a necessidade de mudanças profundas no país e lutado contra a repressão promovida pelos governos para conquistar suas reivindicações. Contra elas, encontram as forças repressivas, a mídia, os velhos partidos e algumas vozes decrépitas como a de Emir Sader. Que este propagandista do governo tenha optado pela indigência intelectual é seu pleno direito. De resto, ele não faz falta. Entre aqueles que, mais ou menos críticos, apoiam o governo sem perder a capacidade de refletir o Brasil, há muitos intelectuais honestos. Estes devem no mínimo corar ao ver Sader refestelando-se diariamente no lixo da histeria das redes sociais.

2014-05-18_00:42:28 No entanto, as declarações de Emir Sader na última quinta-feira mostram que ele conseguiu ir além de seu característico baixo nível. Naquele dia, manifestantes do MTST e de outros movimentos sociais marcharam da ocupação Copa do Povo em direção ao estádio Itaquerão, na Zona Leste de São Paulo, para reivindicar moradias e questionar a contradição entre os gastos com a Copa do Mundo e as carências sociais do país. Sader não demorou muito para escolher seu lado: entre trabalhadores pobres sem-teto e os interesses das empreiteiras e empresas que lucram bilhões com a Copa (e que não por acaso financiam o partido a que serve), optou pelos últimos, chamando os manifestantes de “vira-latas”. Revelando sua decadência, Sader também mostra a crise de projeto do PT: que este seja um de seus porta-vozes “intelectuais” é bastante eloquente do estarrecimento da burguesia brasileira e dos governos, incapazes de apresentar qualquer novo rumo ao país. Sader é a imagem refletida no espelho de figuras como Reinaldo Azevedo e Rodrigo Constantino, que mostram diariamente como a velha direita é igualmente incapaz de apresentar qualquer alternativa ao Brasil.

Sader, no entanto, conseguiu superá-los. Seu chamado a que uma torcida organizada atue como milícia durante manifestações populares é criminoso. Em junho, alguns dos amedrontados defensores do governo tacharam de “fascistas” as manifestações. O verdadeiro fascismo, na verdade, revela-se em posições como esta: para defender o governo e os interesses estabelecidos, vale tudo, inclusive ir além da já inaceitável repressão das forças oficiais do Estado brasileiro, reconhecidas como violadoras dos Direitos Humanos. Em tempos de questionamento às heranças da ditadura militar em nosso país, de indignação com as mortes de pessoas como Amarildo, Cláudia e DG, de questionamento aos projetos de lei antimanifestações e de reivindicação massiva pela desmilitarização das polícias militares, Emir Sader pretende que grupos organizados atuem como paramilitares na defesa da ordem estabelecida. Seu desejo de que “vira-latas” sejam “enxotados” soma-se ao apelo de figuras como Sheherazade, para quem é justificável linchar “marginaizinhos” e quem supostamente tenha cometido “crimes”. Os acontecimentos do Guarujá são apenas uma pequena mostra de onde a difusão de posições como esta pode levar-nos. Por isso, Sader merece não apenas nosso desprezo, mas nosso combate ideológico diário.

Enquanto o “professor” Emir Sader demonstra sua decadência intelectual, veio justamente do MTST, um movimento popular construído por pobres, com pouca escolaridade e discriminados, as palavras mais lúcidas sobre o ocorrido: “Emir Sader desceu de seu pedestal de intelectual governista para demonstrar que não passa de um intelectual vencido pelo tempo, descontextualizado das ruas e acrítico ao governo. Enfim, mais um intelectual assume seu lado na luta entre ricos e pobres”.

* Thiago Aguiar é membro do Grupo de Trabalho Nacional do Juntos!


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