A USP precisa de uma revolução democrática!
Reivindicamos um movimento feito da unidade na diversidade, em defesa de um projeto comum de universidade pública, gratuita e de qualidade. Que o XII Congresso insira a USP dentro do novo Junho da Educação!
A USP PRECISA DE UMA REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA!
TESE DO JUNTOS! PARA O XII CONGRESSO DE ESTUDANTES
Vivemos em tempos em que a esperança e a mobilização contra as políticas de ajuste e a retirada de direitos se espalham pelo mundo e pelo Brasil. A indignação da população grega, espanhola, a juventude negra dos Estados Unidos e a resistência latinoamericana são grandes exemplos. Nós, do movimento Juntos! também lutamos, no país e na USP, por outro futuro!
O XII Congresso de Estudantes da USP acontece, portanto, em um momento em que a juventude questiona os sistemas político e econômico, exigindo democracia real. As grandes manifestações de Junho de 2013 abriram uma brecha e agora temos uma grande responsabilidade: defender a educação e, junto aos trabalhadores, derrotar os ajustes de Dilma e Levy!
É sob este pano de fundo que entendemos que somente através de um Movimento Estudantil amplo e fortalecido poderemos estar à altura dos desafios. Por isso, agradecemos as sugestões feitas para a nossa pré-tese e a todos os que a assinam com a gente a tese do Juntos! para XII Congresso de Estudantes da USP!
BRASIL EM CRISE: AJUSTAR PARA AFUNDAR
Vencidas as eleições com o slogan “Pátria Educadora”, Dilma assumiu um novo mote para governar em 2015: ajustar para avançar.
A popularidade de Dilma atingiu a marca de 7% de reprovação, a pior da história. Não por acaso: direitos conquistados foram diminuidos com as MP’s 664 e 665, implantouse um
Plano de Proteção ao Emprego (PPE) que na prática corta salários e protege apenas as empresas, além da implementação da “Agenda Brasil” uma proposta de Renan Calheiros para superar a crise econômica através de retrocessos em direitos trabalhistas, ambientais e sociais.
Ao mesmo tempo, a Operação Lava Jato desmascara esquemas de corrupção dentro da Petrobrás que envolvem todos os grandes partidos ao lado das grandes empreiteiras. A corrupção é o sintoma desse sistema político que atende aos interesses particulares das elites enquanto usam os interesses públicos e coletivos como moeda de troca de negociatas. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha o grande inimigo da juventude e dos setores oprimidos e suspeito de estar envolvido nessa sujeira é uma caricatura dessa estrutura de poder.
Este cenário político abriu espaço para os setores conservadores e reacionários, representados por sujeitos como Coronel Telhada e Bolsonaro, se apresentarem como alternativa ao governo Dilma. Porém, representam um enorme retrocesso para a luta pelos direitos democráticos, além de plantarem o impeachment para colherem mais ajustes. Uma verdadeira farsa. Não vamos às ruas fazer coro com a direita, mas também não estamos com o governo que aplica o maior dos ajustes sobre o povo.
● Contra o Ajuste Fiscal
● Por outra política econômica: Contra o superavit primário fiscal a qualquer custo e pela taxação de heranças e grandes fortunas
● Contra a retirada e a mercantilização dos direitos da juventude e dos trabalhadores
● Campanha pelo Fora Cunha! na USP
PÁTRIA EDUCADORA PARA QUEM?
Dos R$70 bilhões cortados do orçamento, quase R$10 bilhões foram da educação. Os cortes do PROUNI e FIES deixaram milhares de estudantes endividados e obrigados a largar os estudos.
No ensino público a situação é calamitosa com diversas federais em estado de absoluta precarização, que resultou nas greves como na UFMT, UFGRS, UFRJ e UFBA. Muitas começaram o ano fechadas sem dinheiro para pagar contas de água e luz, serviço de limpeza e salários de professores. Em todo o Brasil, bolsas como PIBIC sofrem com atrasos programados e extinções. Enquanto isso, os cortes são de 75% nos cursos de pós graduação e 40% na formação de professores. É evidente que esse completo descaso com a educação atinge em cheio a vida dos estudantes que mais precisam de permanência estudantil.
● Não aos cortes na educação: Contra a precarização e sucateamente das federais
● Valorização dos professores e funcionários e pelo caráter público e de qualidade do ensino: Todo apoio à luta das federais em greve!
OS ESTUDANTES DA USP NÃO VÃO PAGAR PELA CRISE
A USP começou 2014 com o anúncio de uma profunda crise financeira. A nova gestão, com o reitor Zago, assume então a direção da universidade com uma débil contradição: por um lado procura se postular de forma acessível, mas por outro implementa de forma antidemocrática uma política de ajuste que, até agora, só tem prejudicado a USP. Cortes nas vagas das creches, nas bolsas PIBIC, nos estágios e bolsas de pesquisa, na contratação de funcionários e professores, extinção de bandejões, desvinculação de hospitais universitários, sobrecarga de trabalho para funcionários e professores. Assim como a educação estadual como um todo, a USP é vítima da lógica da precarizaçãoprivatização de Alckmin. Com isso, o estudo e a permanência dos estudantes, os professores e funcionários são profundamente afetados.
● Pela permanência: mais vagas no CRUSP e reabertura de vagas nas creches
● Volta PIBIC: Pela liberação das bolsas de iniciação científica
● Pela autonomia e por mais investimento na extensão universitária
● Não a desvinculação do HU e HRAC. Não à precarização do HU
● Contratação de professores e funcionários
● Volta dos bandejões
● Organização de vigílias nos Conselhos Universitários.
A LAVA JATO DA USP
Como resposta à crise na USP assistimos a uma entrada cada vez maior dos investimentos privados dentro da universidade através das Fundações. Assim como no país vemos os processos de privatização acompanhados da corrupção, na USP não é diferente. Segundo o Estadão, a Fundação da USP paga as empresas dos próprios docentes para prestação de serviços privados através de contratos e convênios obscuros, sem licitação, que levam o dinheiro da USP diretamente para o bolso dos “docentesempresários”. O responsável por aprovar os projetos da Fusp é ninguém menos que o reitor Zago. É ele também quem nomeou o diretor da fundação, José Roberto Cardoso, investigado nesse escândalo.
Enquanto isso, dezenas de professores receberam cartas de uma comissão chamada CERT, demitindoos do regime de dedicação integral. A CERT é também a comissão responsável pelos contratos da Fusp. Ou seja, de um lado acabam com carreiras docentes e do outro entregam baús de ouro nas mãos de empresas privadas.
Há anos, as fundações privadas na USP recebem centenas de milhões de reais. Sem transparência, sabese que pelo menos RS800 milhões já circularam somente pela Fusp. Elas se utilizam do espaço físico, da marca USP, dos professores e estudantes e sequer prestam contas à comunidade universitária. A presença destas fundações representa a mercantilização do ensino, pesquisa e extensão na USP. Não aceitaremos que a nossa educação seja moeda de troca em negociatas corruptas entre Zago e seus aliados. O movimento estudantil deve lutar para garantir uma educação gratuita e de qualidade e por isso somos contra a presença dessas fundações na USP!
● Por uma CPI da USP, paritária, que investigue os casos de corrupção
● Por uma audiência pública com Zago, Cardoso e demais envolvidos
● Campanha em conjunto com a ADUSP em defesa do regime de Dedicação Integral docente
● Abertura imediata do livro de contas da USP e das caixas pretas das fundações
● Eleições diretas para reitor e diretores de unidade
● Estatuinte livre, democrática e soberana
NÃO LEVANTE O DEDO PRA MIM!
A incapacidade e desinteresse da USP em lidar com os casos de violência tomaram proporções escandalosas este ano. A CPI arrancada da reitoria pelas e pelos estudantes, com denuncias contra professores, diretores e alunos, foi respondida com a omissão da reitoria e diretorias que procuraram blindar a imagem da universidade.
Enquanto os casos de violência contra os setores oprimidos, em particular os casos de estupro, continuam aumentando e sem resposta pela burocracia da USP, as mulheres respondem ao completo abandono e ausência de políticas preventivas e de combate a essas violências com o fortalecimento da mobilização feminista. O ato por segurança das mulheres da USP reuniu mais de 400 estudantes em uma forte mobilização contra o machismo e a negligência da reitoria. Em resposta, a reitoria ameaçou processar as feministas!
Além da violência o ajuste fora e dentro da USP afeta principalmente os setores oprimidos e explorados, que dependem ainda mais da assistência estudantil, com permanência e bolsas de estudo.
Nenhuma mulher, negro ou LGBT tem que abaixar a cabeça diante de qualquer opressão. Queremos ser ouvidos e entendemos que somos protagonistas na luta por mais segurança, por democracia e contra os ajustes na universidade.
● Contra o machismo, racismo e LGBTfobia: Precisamos de políticas contra as opressões conforme as revindicações dos movimentos negro, feminista e LGBT
● Investigação e punição de todos os casos da USP! Queremos a expulsão dos estupradores!
● Por um veículo de denúncias seguro e permanente na USP
VIOLÊNCIA NOS CAMPI: ESSA FESTA TEM QUE ACABAR
A resposta de Zago para a segurança é antidemocrática e ineficiente: Proibição de festas nos campi e a implementação de um novo plano de segurança (Koban) que prevê uma base permanente da PM nos campi.
A segurança é realmente um assunto que preocupa a todos nós e merece o esforço coletivo para encontrarmos uma solução efetiva, sobretudo após os inúmeros casos de estupro, assalto e violência dentro da USP. Porém, nós do Juntos! entendemos que a Polícia Militar não é uma resposta para a segurança dentro e fora da USP. A PM existe no campus desde 2011 e, não só a violência no campus continua, como aumentou de lá pra cá. Além disso, a militarização da polícia é um atraso para toda a sociedade, uma polícia estruturada para proteger o patrimônio e a ordem e não as pessoas, além de reproduzir nas suas ações cotidianas as desigualdades e o racismo.
Porém, hoje, o “Fora PM” é por si só insuficiente para solucionar esta questão. Nosso Congresso de Estudantes deve refletir um plano alternativo de segurança que não passe pela ampliação da presença da PM problema existente não só na USP, mas em todo Brasil , mas sim por um modelo de segurança alternativo elaborado por toda a comunidade universitária.
● Abrir a USP! Ocupação do espaço e o aumento da circulação para mais segurança
● Por uma iluminação efetiva em todos os campi!
● Por um coletivo feminino da guarda universitária preparado para lidar com casos de machismo
● Pela criação de um Centro de Referência da USP sobre violações de direitos humanos.
● Maior frequência dos circulares, sobretudo nos interiores
● Que o Congresso crie um Grupo de Trabalho para elaborar um plano alternativo de segurança e entregálo ao reitor, em 2016, com uma grande manifestação!
● Pela desmilitarização da PM!
● Pelo direito a festejar! Proibição não é solução
● Contra a retirada dos espaços estudantis
● Articulação de uma grande Festa com o DCE, CAs e Atléticas de toda a USP! Queremos o nosso direito à autonomia garantido por inteiro!
DEMOCRATIZAR O ACESSO E ENEGRECER A USP
No início do ano, o movimento negro da USP emparedou o reitor Zago exigindo as cotas raciais. A resposta imediata da reitoria foi processar estudantes e funcionários, porém, ainda assim foi obrigada a reformular o ingresso na USP, aprovando de forma atropelada a nova regra em que 13% das vagas são reservadas ao ENEM. Segundo a própria reitoria, essa medida significa “garantir que além dos melhores da FUVEST, os melhores do ENEM estejam na USP” uma verdadeira provocação ao movimento estudantil, que reivindica as cotas raciais.
Estamos falando da universidade pública mais elitista e racista do país. A USP está fora da lei e comete um crime contra os direitos humanos ao excluir decididamente a população negra do acesso ao ensino público de qualidade! Por tudo isso, as cotas raciais e sociais são necessárias na USP, como medida de democratização do acesso e reparação histórica.
● Cotas Já! Pela adoção de cotas segundo o projeto da frente prócotas estadual
● Articulação de uma campanha permanente por Cotas na USP entre todos os campi da universidade
● Construção de um encontro de negras e negros da USP em 2016
UM MOVIMENTO ESTUDANTIL RENOVADO E DEMOCRÁTICO PARA MOBILIZAR A USP
O movimento estudantil (ME) da USP é parte da tradição de mobilização no país, tendo sido responsável por questionar e transformar estruturas da universidade e do Brasil ao longo do tempo. É com esse pano de fundo, que o Juntos! entende ser necessária uma constante inovação de seus espaços e reorientação de sua atuação e política.
O ME deve ser cada vez mais representativo e conectado com todos os estudantes, CAs e outras entidades estudantis, frentes e campi. Todos estes têm se mobilizado nos últimos tempos por democracia real, contra as opressões e contra os ajustes na educação e na USP, mas avaliamos que é necessária maior conexão entre eles e maior apropriação deles frente ao movimento geral para que conquistemos vitórias. A luta pelos espaços estudantis na EACH, a luta das mulheres pela segurança real e a luta dos negros por cotas demonstram a coragem e entusiasmo para transformar a USP e a necessidade de o ME ser um espaço de ampla articulação.
O DCE também é parte importante do movimento. Acreditamos que ele precisa ser cada vez mais próximo dos estudantes, como um importante canal de mobilização estudantil. Por isso, somos a favor da majoritariedade para o DCE da USP: A partir da nossa visão sobre o ME achamos que a entidade não deve ser um espaço de disputa entre forças políticas, afastando os estudantes independentes e corroborando para um caráter internista da entidade em relação ao conjunto dos estudantes do Butantã e impossibilitando que ele seja uma ferramente também dos estudantes do interior.
Por último, é importante colocar a necessidade de que os espaços como as assembleias se tornem mais amplos e convidativos. Nós nos posicionamos contra os casos de opressões que ocorrem no movimento, assim como os vícios que muitas vezes afastam a participação de novos estudantes. Reivindicamos um movimento feito da unidade na diversidade, em defesa de um projeto comum de universidade pública, gratuita e de qualidade. Que o XII Congresso insira a USP dentro do novo Junho da Educação!
● Por um Movimento Estudantil mais aberto, democrático e representativo: Chapas com paridade de gênero, DCE com Departamentos temáticos abertos (departamento de acesso e permanência, de segurança, etc), fortalecimento da articulação do DCE com os CAs e os movimentos da USP através de Seminários, ROs de caráter mais amplo e com periodicidade.
● Sedes do DCE em todos os campi: Os espaços estudantis e a autonomia do DCE dos interiores são pilares essenciais do Movimento Estudantil
● Reuniões de CCAs periódicos e em todos os campi
● As assembleias devem respeitar de fato o horário de início, o teto e o quórum já estabelecidos, além da obrigatoriedade de uma ata que seja divulgada pela página do DCE; O DCE também deve ser responsável pela convocação e estrutura da assembleia.