CHAMADO AO CONJUNTO DOS ESTUDANTES DA UFMG: UMA OUTRA UNIVERSIDADE É POSSÍVEL E VALE A PENA LUTAR POR ELA!
Comunicação Juntos!

CHAMADO AO CONJUNTO DOS ESTUDANTES DA UFMG: UMA OUTRA UNIVERSIDADE É POSSÍVEL E VALE A PENA LUTAR POR ELA!

Se aproxima as eleições para a próxima gestão do Diretório Central de Estudantes da UFMG – entidade máxima de representação dos estudantes da universidade! Junto dela, a oportunidade de debater o projeto da educação e da universidade que queremos (e precisamos). Muito vale o já feito no último ano de gestão. Mas precisamos de mais, muito mais! Somos nós, o conjunto dos estudantes, que podemos travar essa batalha e garantir conquistas!

Juntos! UFMG 18 out 2024, 12:37

Se aproxima as eleições para a próxima gestão do Diretório Central de Estudantes da UFMG – entidade máxima de representação dos estudantes da universidade! Junto dela, a oportunidade de debater o projeto da educação e da universidade que queremos (e precisamos).

Os desafios não são pequenos. A promessa de que a educação finalmente fosse valorizada, após a derrota do governo Bolsonaro, não se tornou uma realidade. Ao contrário, seguindo a tendência em todo o mundo vivemos um cenário de ‘’ajuste fiscal’’, que no Brasil, além de colocar um limite máximo de investimentos na educação – a mesma lógica do teto de gastos do governo Temer – busca também, sob a direção do ministério da Economia Fernando Haddad, redebater em sua agenda os mínimos garantidos na constituição para as áreas sociais (educação e saúde, por exemplo).

Sabemos que o maior gargalo para o desenvolvimento pleno da universidade, da garantia de assistência estudantil – política que garante a permanência dos estudantes hoje e amanhã – é justamente o orçamento. Não podemos ser a geração que vai assistir, de mãos atadas, passos largos para a despopularização da universidade. Foram anos de luta para que a universidade tivesse uma mudança de perfil social e, muitos de nós estamos aqui fruto dela. Sem atingir ainda o necessário, retomamos a lógica de que estudar retorna a lógica de se tornar cada vez mais um privilégio. A ausência de verbas é parte de um projeto de precarização da educação que apesar de não ter início no governo Lula, não encontra – como uma decisão infelizmente consciente – lugar para ter a paralisia nele.

Esse é o primeiro motivo que demonstra como nós, estudantes, não estamos em um contexto de permissão para que fiquemos confortáveis. Uma gestão de DCE precisa estar à altura desse debate: precisa ter independência política do governo para enfrentar a extrema-direita sem que isso signifique um cheque em branco que permita ataques aos nossos direitos. É justamente por isso, para lutar contra a extrema-direita, que os estudantes precisam defender os direitos do povo, independente do governo. Não podemos confiar a sorte do nosso futuro nas mãos da velha política do pacto de frente ampla atuante no governo federal hoje. Por isso, precisamos de uma gestão de DCE que, se conecte com as lutas nacionais e, em conjunto com os demais estudantes das demais universidades, levante essa bandeira de luta e organize nossas reivindicações onde se transforma a política: nas ruas.

Estamos vivendo, em primeira pessoa, um processo de transição. A crise climática, que assola Belo Horizonte, Montes Claros e todo o país, é um dos elementos que demonstra que algo precisa de ser feito se não quisermos ser a geração do fim do mundo. Se depender do lado dos poderosos, que exploram o meio ambiente e, consequentemente, seus povos, para maximizar seu lucro, esse será o novo normal. Se depender, porém, dos negacionistas, que possuem hoje na disputa de segundo turno para a prefeitura de Belo Horizonte um portavoz de seu projeto da extrema-direita, a crise climática se aprofundará ainda mais com a mineração na Serra do Curral.

Sabemos que somos a nossa geração que entrou durante a pandemia ou após ela, vivenciou na greve o primeiro ascenso de lutas em defesa da educação. Fazemos uma avaliação de que a greve, por si, é importante como instrumento de lutas. Apesar de conseguirmos apontar uma série de contradições desse processo, no textos do Juntos! institulado ‘’Um Balanço da greve da educação, lutar vale a pena?’’, retiramos o seguinte trecho:

‘’Conseguimos uma recomposição orçamentária limitada, mas que trás um pequeno respiro às universidades. Além do anúncio do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que prevê cerca de R$5,5 bilhões em investimentos nas universidades federais. O projeto retoma um orçamento para obras que já não víamos há anos, superando o orçamento para investimentos dos anos de 2015 a 2024. Mas que merece suas críticas, porque retira a capacidade das universidades de escolherem como utilizarão seu orçamento, já que as obras foram definidas pelo governo federal, sem qualquer debate entre a comunidade universitária, ainda que contemplem demandas importantes, como moradias estudantis e restaurantes universitários.’’

Sem que a greve tivesse se tornado uma realidade, é fato que o PAC não estaria disponível para a educação. Lutar valeu a pena e, mais que isso, segue ainda uma necessidade quando observamos a ausência de valorização dos servidores, a ausência de bolsas com valores que consigam dar conta das necessidades dos estudantes. Nós, do coletivo Juntos!, fizemos ainda a leitura de que frente a mobilização dos servidores da universidade (professores e técnicos), era chegada a hora de colocar também as nossas reivindicações para a reitoria da universidade. A experiência que adquirimos, enquanto conjunto do movimento estudantil, nos fez sair com melhores condições de disputar as próximas batalhas. Pautamos o ônibus intercampi, as Cotas Trans que recentemente foi conquistada na UFF e na UnB no mesmo contexto, avanço na luta no combate ao assédio e às violências na UFMG, o enegrecimento dos currículos e a melhoria da acessibilidade e inclusão na universidade. Ao final da greve, conseguimos ainda minimizar os impactos diretos que teriam aos estudantes com a flexibilização da contagem de presença, novos prazos para trancamentos e um calendário mais palpável para regularizar as diferenças entre os cursos que mantiveram as aulas e aqueles que paralisaram.

À frente da última gestão chamada Sementes de Marielle, nós do Coletivo Juntos! em conjunto com o Coletivo Afronte!, cavamos no último ano espaços importantes de luta. Barramos o Código de Convivência Discente que buscava institucionalizar punições aos estudantes que, em seu texto, ‘’perturbasse a ordem da universidade’’. Sem titubear, levantamos a mobilização quando foi pautado os novos valores do preço do bandejão, em manifestação na porta da reitoria e, em uma luta conjunta, fizemos com que os estudantes não pagassem o ‘’valor de referência’’ de R$8,50 e, portanto, a reitoria assumisse a responsabilidade de seguir subsidiando o valor da comida e não aumentar o cenário de insegurança alimentar no campus. Fomos parte da luta que construiu uma grande manifestação contra o Regime de Recuperação Fiscal do Zema, dia 11 de novembro de 2023, que queria aplicar um pacote de ‘’corte de gastos’’ no Estado de Minas Gerais, congelando salários dos servidores – o que afeta diretamente a licenciatura, mas também demais cargos de administração, bem como previa a paralisia dos concursos públicos no Estado. Apostando no debate e construção coletiva, fomos parte da chamada de diversas assembleias estudantis que, entre elas, uma especialmente de mulheres, que encaminhou um documento de reivindicações para a reitoria e fundou a comissão de combate ao assédio na universidade.

Muito vale o já feito. Mas precisamos de mais, muito mais!

A universidade está em disputa. Muro afora, com a luta por mais orçamento, muro a dentro, com a reitoria que por vezes, não escolhe acolher a demanda dos estudantes e que busca a todo custo mudar a forma de ocupação do espaço físico da universidade, por exemplo, com uma caça às bruxas para barrar as festas.

A luta pela reformulação dos valores das bolsas de assistência estudantil tem que continuar. A pressão pela garantia do ônibus intercampi que pode transformar a vida dos estudantes do centro que precisam de cumprir disciplinas obrigatórias no campus pampulha! Queremos gratuidade do bandejão para todos os níveis da FUMP: o que quase não tem impacto no orçamento da universidade. A ampliação do horário e dos serviços ao final de semana, junto à climatização do bandejão, são ainda pautas do nosso dia-a-dia que até conquistamos respostas da reitoria, mas que sem articulação no chão da universidade as promessas são apenas promessas. A ampliação dos horários do plantão psicológico com políticas mais concretas de saúde mental na universidade para os cursos do noturno. A falta de professores ainda é uma realidade para vários cursos e que impacta a vida cotidiana com a falta de disciplinas obrigatórias todos os semestres e horários de disciplinas optativas restritos. Uma universidade que tenha arte e cultura: ONDE FORAM PARAR OS GRANDES EVENTOS DA UFMG? Queremos políticas de reconhecimento e de amparo para as atléticas e cheerslideres. UnB e UFF já conquistaram cotas trans: é chegada também da nossa hora! Queremos protocolos efetivos para lidar com assédio e opressões na universidade, seja entre estudantes, seja entre professores e estudantes. Sabemos que a luta por paridade de votos é um dos eixos que podem nos fazer avançar.

Nós, que vivemos e conhecemos o dia-a-dia da universidade, sabemos que os problemas que vivemos não podem ser naturalizados. Ainda mais quando dizemos que estudamos na segunda melhor universidade federal do país. É possível construir um diagnóstico parecido no conjunto dos estudantes. Agora, o que faz com que avancemos, tem haver com a defesa do método. Nós temos que ser a geração que vai, através dos nossos espaços de auto organização – e o DCE é uma entidade que deve propiciar elas, conseguir fazer com que o movimento dos estudantes contribua para a construção de uma alternativa de país. Acreditamos em uma chapa que consiga, através das demandas concretas, aumentar o horizonte do que é possível conquistar com a força coletiva, que encante os estudantes para a potência que tem a nossa organização e que, sobretudo, se reinvente, inclusive na democracia de base. Para fortalecer o movimento estudantil da UFMG, é possível construir, nas pluralidades do conjunto dos movimentos estudantis, um programa mínimo em defesa do orçamento, das lutas democráticas e colocar uma agenda firme de mobilização para os estudantes da UFMG. É necessário um agrupamento dos movimentos que lutam, para dar um passo à frente e arrancar o que é nosso. Defendemos um DCE que mantenha o legado das disputas institucionais, mas sobretudo, que atue ainda mais no chão em conjunto com os estudantes.

É necessário ainda uma reoxigenação do movimento estudantil. É com esse chamado que convidamos todos os estudantes a somarem conosco, construindo ou apoiando a nossa chapa! Uma outra UFMG é possível e somos nós, o conjunto dos estudantes, que podemos travar essa batalha!


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